Archive for 01/11/2013 - 01/12/2013
[Fanfiction] Shadow 13 - FINAL
Olá a todos! Primeiramente, peço que perdoem este atraso de uma semana na postagem do capítulo final de Shadow. Para resumir em poucas palavras eu diria que "Madoka entrou na minha vida e não sobrou mais nada". Verdade, semana passada todos os meus compromissos e projetos atrasaram, uma verdadeira tragédia por ter assistido o terceiro filme!
Mas hoje não é dia de Madoka, e sim de Konoka e Setsuna aqui no KaS! Vamos ver o capítulo que fecha a quarta história de Mastered Negima!
Boa leitura e, ao final, minhas considerações e intenções para o seguimento da nossa coluna literária do blog :)
Aviso-legal:
Mahou Sensei Negima não me pertence. Mastered Negima é uma obra de
fã, sem fins lucrativos.
Mastered Negima Shadow
Capítulo 13: Depois do sonho
ruim
Dor e cansaço foram as primeiras sensações que chegaram ao
consciente de Setsuna Sakurazaki quando recobrou a noção sobre si
mesma. Tentou abrir os olhos mas só o conseguiu com o esquerdo. O
azul rasgado por linhas laranjadas de um céu se aproximando do fim
da tarde invadiu sua vista aberta. Os zumbidos que chegavam aos seus
ouvidos pouco a pouco iam se diferenciando em vozes familiares.
A espadachim shinmei tinha total noção do que lhe havia acontecido,
mas estava tão exaurida de suas forças que não questionou-se sobre
o que poderia ter acontecido. Mas o fato de estar viva já era um
indício forte do desfecho:
― Sakurazaki-san? Você está me ouvindo?
Setsuna virou a cabeça para a direita, de onde vinha a voz próxima
e viu que Nodoka Miyazaki estava ajoelhada ao seu lado. Tinha um
punhado de ataduras nas mãos:
― Que bom que está acordada, Sakuzaki-san. A Konoka já fez o
tratamento básico nos seus ferimentos, mas não pode continuar por
precisar dar atenção também ao Negi-sensei.
― Negi? ― repetiu a meio-uzoku, com a voz enrolada. ― Ele está
ferido?
― Sim, mas também já está fora de perigo. ― respondeu a
livreira. ― Tive tanto medo que algo acontecesse, mas está tudo
bem agora. ― disse olhando para algo à esquerda da outra.
Setsuna seguiu o olhar de Nodoka. Viu Konoka ajoelhada ao lado de
Negi, terminando de realizar uma magia de cura. As mãos da maga
tinha um brilho esverdeado que se propagava para o abdômen ferido do
garoto. Algumas questões surgiram na periferia do pensamento da
shinmei, porém não conseguiram chegar ao foco da atenção antes
desta ser interrompida por um nada suave gesto:
― Hey, enfim acordou, Setsuna! ― exclamou Asuna, com um pontapé
não muito leve contra o pé da outra. A ruiva sentou-se bem na linha
de vista que Setsuna estava tendo para Negi e Konoka e encarou-a com
um sorriso irritadiço. ― Tinha que ser você pare fazer essa
loucura, não é mesmo?
― O que aconteceu, Asuna?
― Hm? Ah, com a Pe-chan? Bom. . . Parece que a Konoka usou uma
magia super poderosa e acabou com tudo. Sabe, nós só encotramos
vocês por causa da luz enorme que esse feitiço dela fez.
― O Negi-sensei lutou com ela?
― Exato. ― respondeu Nodoka, antes que Asuna pudesse falar. ―
Ele e a Konoka vieram sozinhos atrás de você.
― Dois malucos também. Ficamos pra trás e tivemos um trabalhão
para achar esse lugar. ― reclamou Asuna.
― Eu fui derrotada. ― disse Setsuna, sem se dirigir a ninguém.
― Claro que foi. ― interveio uma voz irritada que a espadachim
reconheceu logo como Kotarô. ― Qualquer um teria sido derrotado
por aquela coisa usando os amuletos. Mesmo o Negi foi surrado sem dó.
― Teria sido uma tragédia se não fosse pelo poder incrível de
Konoka. ― disse Asuna, com certo temor, como se imaginasse a cena
de horror que poderia ter acontecido.
― Ela realmente está em um outro nível. ― comentou Setsuna, com
o tom distante da realidade mais uma vez. Os três que estavam ao seu
redor se entreolharam.
― Será que vocês podem me dar espaço para continuar com os
feitiços de cura? ― perguntou a voz suave de Konoka, surpreendendo
Asuna, Nodoka e Kotarô. Percebendo a deixa os três decidiram ir ver
o estado de Negi e deixaram Setsuna apenas na presença da namorada.
Quando a meio-uzoku viu o rosto de Konoka sentada ao seu lado seu
estômago revirou. Lembrou-se da discussão que havia tido no trem,
antes que esta partisse para o local combinado da batalha. Como já
estava cheia de sensações ruins no corpo aquele sentimento
despertou até certa nausea no estômago:
― Que bom que despertou, Set-chan. ― disse Konoka. O sorriso que
a maga carregava parecia intocável do perfeito aos olhos da hanyou.
― Kono-chan, perdoe-me por te desapontar de novo. ― pediu
Setsuna, fazendo a namorada paralisar o movimento que fazia com as
mãos para alcançar a bandagem que cobria o olho tapado desta.
― Set-chan, ainda que você tenha essa mania de tentar resolver
tudo sozinha e mesmo que eu não goste disso, isso não muda em nada
o amor que eu sinto por você.
― Kono-chan . . .
― Apenas fique quieta agora, Set-chan, e vou fazer essas dores
passarem. ― disse a maga. ― Sabe . . . Espero da próxima vez
poder chegar antes que te façam tão mal.
Setsuna acabou deixando uma lágrima escorrer do seu olho destapado.
Sentiu-se infantil diante de toda a força e maturidade daquela
garota que tantos julgavam infantil e mimada. Levaria mais tempo para
que a própria shinmei se perdoasse pela angústia que de certo havia
levado para o coração da maga branca. Não que o tempo isso fosse
um problema, afinal as duas tinham para si novamente todo o do mundo.
O pesadelo não havia passado de uma sombra passageira.
Naquela noite a Ala Alba acabou montando acampamento nos arredores do
que fora o campo de batalha. Haruna na companhia de Kamo trouxeram da
cidade uma quantidade suficiente de alimentos para o jantar e café
da manhã seguinte. Depois disso, já em posse dos amuletos só
restava para o grupo retornar para a Terra, por tanto eles retornaram
para a capital de Husdeven para pegar o trem direto.
Qual não foi a surpresa de Negi, mais recuperado de seus ferimentos,
quando o Sr. Vosk surgiu na estação para questioná-lo. Disse que
havia achado muito estranho o sumiço de todo o grupo durante a
viagem no dia anterior e por isso havia retornado. O garoto tentou se
esquivar das perguntas difíceis do homem, mas o acessor era
insistente. A certa altura não foi ele, mas Kotarô, quem perdeu a
paciência:
― Olha aqui, cara. Aquela baranga da Delaro Igati não tem mais as
jóias de poder dela. Agora vai avisar seu chefe disso, anda! ―
esbravejou o hanyou.
― Céus, mas isso é um escândalo! Aquela mulher não vai mais
conseguir se firmar no poder quando meu chefe souber disso! Preciso
avisá-lo! ― disse Vosk e partiu correndo imediatamente de volta à
cidade.
― O que você fez, Kotarô?! Agora vai haver um caos político em
toda Husdeven! ― exclamou Negi, assombrado.
― Ah, que se dane! Não podemos nos atrasar mais para pegar o trem.
Não vejo a hora de visitarmos o litoral!
A longa viagem de volta para a Terra foi bastante relaxada para os
membros da Ala Alba. Asuna fez uma confusão bem grande quando
exigiu, sem sucesso, que Konoka e Setsuna ficassem no mesmo quarto.
Ainda que estivesse ainda ferida, a meio-uzoku conseguiu ter forças
o bastante para não pactuar com aquele absurdo da ruiva. Mais uma
vez Asuna e Konoka dividiram a cabine.
Chegando à Terra o grupo, ao invés de retornar em conjunto para
Mahora se dividiu. Negi, Konoka e Setsuna foram para a instituição
enquanto o resto da equipe se dirigiu para o litoral. Tinham
realizado a missão em Husdeven em um tempo muito menor do que o
máximo previsto, portanto haviam ganhado o direito a um descanso de
uma semana em um balneário próximo ao mar. Três dias depois da
chegada de volta à Terra enfim o grupo inteiro se reuniu para
aproveitar aquele tempo de paz e diversão.
Era uma quinta-feira quando Asuna decidiu ajudar Konoka com a compra
do seu biquini. Como Negi e Setsuna ainda não estavam totalmente
recuperados dos seus machucados acabaram por acompanhar as duas
amigas às compras, para o desespero inexpressado da shinmei.
Apenas o fato de estarem em um balneário já vinha sendo motivo o
suficiente para abalar os sentidos da guerreira. Devido ao calor as
garotas no geral estavam trajando apenas vestidos leves e Konoka não
era excessão. Naquele dia em particular a maga usava um vestido de
tecido tão suave que qualquer vento fazia com que Setsuna passasse
mal com a visão das coxas da namorada. Era um desafio e tanto para a
shinmei manter a seriedade na sua atitude quando seu autocontrole era
testado a cada momento e brisa de verão que cruzava o caminho.
Para o alívio do sistema nervoso de Setsuna ela foi liberada para
tomar um sorvete com Negi enquanto Asuna e Konoka experimentavam
biquinis. Durante esse passeio a garota se surpreendeu em perceber a
curiosidade excessiva que o professor-mago tinha sobre o ato das
garotas experimentar roupas de banho. Riu-se bastante por perceber
tanto em comum entre ela e um garoto no auge da puberdade.
Depois das compras o grupo aproveitou para conhecer o comércio local
e ao final encontraram um fliperama onde pararam para que Asuna
pudesse gastar tudo o que havia economizado nos últimos meses.
O resto do dia foi bastante tranquilo, tirando pela provocação que
Asuna tinha feito à Setsuna no momento em que estavam caminhando
alguns passos atrás de Konoka e Negi:
― Espero que você goste do biquini que fiz a Konoka comprar.
Pensei especialmente na sua alegria quando o indiquei. ― disse a
ruiva, com uma expressão inteira de divertimento e provovação.
O bastante para ter tirado o sossego do pensamento da morena durante
boa parte do passeio.
Os dias foram transcorrendo tranquilos. Setsuna aproveitou-se do fato
de ainda estar com alguns curativos para ficar bem longe das
brincadeiras na praia, apenas observando do guarda-sol. Algumas
poucas vezes durante aqueles dias os problemas dos dias em Husdeven
retornaram ao seu pensamento, distraindo-a do trabalho de observar
todos os ângulos de Konoka ao alcançar uma bola de praia. Talvez
fosse pela soma de fatores de distração e mais o calor, mas Setsuna
conseguiu refletir de modo bastante tranquilo sobre aquele tema.
Frustração foi a palavra que a shinmei encontrou para definir toda
a trama com Setsuna-P. Uma sucessão de falhas que havia terminado
daquela maneira trágica. Sakurazaki se arrependia por ter se deixado
levar tanto pelas emoções quando fora traída por Set-P e Konoka,
no agora distânte inverno do ano anterior. Talvez se tivesse reagido
de modo mais maduro naquela época, Setsuna-P podería até ter tido
realizado seu sonho de ser uma pessoa viva por outros meios mais
corretos.
O estado de calmaria no coração da shinmei era tanto que ela
conseguiu em certa ocasião imaginar como poderia ter sido essa
realidade alternativa, com uma Setsuna-P pacífica. A maior certeza
que lhe ocorreu é que provavelmente não teria uma Yuuna Akashi a
detestando como na realidade, talvez pelo contrário. Setsuna riu de
si mesma por essas ideias ao final daquela tarde.
Na noite do antepenúltimo dia da pausa da Ala Alba Setsuna foi
surpreendida por um convite para um passeio noturno vindo de Konoka.
As duas esperaram todos estarem se divertindo demais no salão de
jogos do hotel onde estavam hospedados para que saíssem sem ser
notadas. O dia havia sido especialmente quente, portanto a brisa
fresca da noite era agradabilíssima.
As namoradas andaram de mãos dadas pelos arredores do hotel até
chegar na calçada que dividia o balneário da praia. Konoka
encontrou um banco e as duas sentaram ali para observar as inúmeras
estrelas que brilhavam no céu limpo:
― É realmente ótimo vir à praia, não acha Set-chan?
― Sim. É muito divertido e relaxante.
Sem falar nada, Konoka encostou a cabeça no ombro da namorada,
acomodando-se e segurando a mão do braço livre da mesma com a sua:
― Devíamos vir a praia todos os anos, o que acha?
― Qualquer lugar que você queira, Kono-chan.
― Heh, você gostar de ser obediente mesmo quando não estou
falando como aquela que você protege profissionalmente.
― Ah, eu sou acostumada demais a isso. Desculpe.
― Apesar de tudo o que aconteceu eu estou feliz em estar nessa
missão para recuperar os amuletos. ― comentou Konoka.
― Talvez as coisas pudessem ser um pouco mais simples, mas também
estou feliz. ― concordou Setsuna, sendo sincera.
― Você tem razão, Set-chan. ― sussurrou a maga e as duas se
aproximaram o bastante para trocar alguns beijos apaixonados.
― Será que vai surgir alguma outra coisa na próxima viagem?
―perguntou Setsuna quando as duas se afastaram. Ambas tinham o
rosto vermelho e se encaravam nos olhos, ignorando as estrelas.
― Talvez, mas ainda estaremos juntas para resolver tudo.
― Se eu não resolver ser egoísta, quem sabe. Não posso garantir
que não o vá fazer.
― Tudo bem. Eu te amo mesmo sendo assim tão bobona, Set-chan.
― Kono-chan. . .
― Mas isso também não quer dizer que não irei castigá-la da
próxima vez.
― Castigar? Do que está falando, Kono-chan?
― Hm. . . Quem sabe. . . ― disse Konoka, sorrindo com certo
mistério e Setsuna pode ver um brilho incomum em seus olhos. Se
aproximou e as duas se perderam mais uma vez na troca de beijos.
Alguns minutos depois, quando as duas puderam despertar novamente
para a realidade, a maga levantou-se do banco onde estavam e parou
para sentir a brisa varrendo seu rosto e cabelos:
― Acho que devemos voltar, Kono-chan. Logo irão perceber que
sumimos. ― disse Setsuna que apesar de suas palavras estava ainda
sentada, admirando a beleza das curvas da namorada que se destacavam
sob o tecido leve de suas roupas.
― Está bem. ― concordou Konoka e as duas começaram a caminhada.
Porém logo Konoka afastou-se alguns metros para frente e parou,
virando-se para encarar a hanyou.
― Né, Set-chan. Fica no meu quarto essa noite?
― O que? M-Mas. . . Kono-chan. . .
― Você não gosta de ser obediente? Então não desobedeça logo
agora, Set-chan.
― Ah. . . ― Setsuna sentiu o estômago revirar de ansiedade. Um
nervosismo tão grande se instalou no seu peito que ela deu uma
risada tremida.
"Certo. Você manda, Kono-ojousama."
[Mastered Negima Shadow - FIM]
*** EXTRA ***
Em uma cidade muito longe da Terra, um menino abandonado chamado
Odari vivia sozinho em uma grande mansão abandonada, na capital do
país de Husdeven. Durante vários dias aquele garoto fez comida para
duas pessoas, mas acabou comendo sozinho em todas as vezes.
***
Porém, no dia em que fez comida apenas para si, finalmente, a visita
que ele aguardava chegou. Foi a encrenca na qual ele mais gostou de
se meter em sua vida.
*** EXTRA FIM ***
****
Fim! Fim~~! Obrigada a cada um de vocês que leu esta história até o final! Sejam leitores antigos, novos, que leram todos os arcos ou mesmo que leram só este (sim, eu recebi seus feedbacks e li todos!). Eu só tenho a agradecer a cada um de vocês que leram e participaram de mais esta pequena obra minha aqui no Kono-ai-Setsu. Pode não parecer muita coisa, mas terminar de escrever uma história completa é sempre uma emoção muito grande para mim. Espero ter conseguido divertir alguns de vocês com mais esta etapa das aventuras do casal que deu origem ao KaS.
Tentei responder a cada um dos comentários que vocês fizeram, mas nos últimos capítulos pequei, perdão. Cada uma das mensagens de carinho e respostas empolgadas são o alimento da escrita de Mastered Negima. Afinal, não é pra mim, mas para vocês que eu disponho do meu tempo para este feito :)
Obrigada pelas leituras, é o que gostaria de dizer mais uma vez. Obrigada mesmo e espero ainda poder publicar mais histórias de Mastered Negima no Kono-ai-Setsu.
E falando em publicar, vamos falar rapidinho da continuidade da coluna literária do blog.
Atualmente estou escrevendo um romance yuri (lésbico mesmo, falando em termos ocidentais) original, impulsionada pelo desafio do Nanowrimo. Minha idéia original era postar no KaS ao terminá-la, mas, além de ainda demorar para que eu a termine, também estou pensando em submetê-la à editoras antes de publicar por conta própria. Espero futuramente poder trazer boas notícias disto para vocês.
Mas também não posso deixar o KaS sem escritos, afinal foi para isso que passei a integrar o time lá em 2008, então resolvi tirar da gaveta um fanfiction que até já comentei por aqui, mas que nunca viu a luz do dia: Don't Stop the Music, de K-On. Tenho os primeiros 13 capítulos, que formam um arco, quase prontos, então decidi que irei trazer esta obra para vocês. Estipulo que daqui a umas duas semanas, ou três, poderei postar o primeiro capítulo (logo ele é um dos que mais precisa de revisão e melhorias ^^'') mas com certeza vocês terão novo conteúdo literário em breve no blog!
Enfim, vamos terminar por aqui, afinal posts de fanfics já são enormes, que dirá com esses agradecimentos e notícias todas né! Obrigada mais uma vez e. . . nos vemos nos posts do "Reino dos /U/nicórnios" e também, em breve, com Don't Stop the Music! Até lá! o/
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Posted by LKMazaki
Rakuen no Jouken: As condições Para o Paraíso

Rakuen no Jouken (As condições para o Paraíso) é uma
coletânea de histórias de Morishima Akiko-sensei. São 8 no total. Essas
histórias não possuem conexão direta entre si, mas todas possuem um tema em
comum: mulheres na casa dos 20 anos e seus relacionamentos conflitantes com
outras mulheres, às vezes na mesma faixa etária e às vezes ainda em idade
escolar, mas tão diferentes. Acredito que este seja o maior charme desse mangá,
como disse a própria mangaká num extra no final, “Nós somos todas diferentes
apesar de sermos todas garotas, acho isso divertido”.
Morishima explora essas diferenças e os conflitos resultantes
dessas diferenças com muita desenvoltura, sem nunca perder o tom e o timing de
cada momento, que é expresso através de uma arte maravilhosamente moe. Além
disso, ela sabe diferenciar cada personagem e sua arte consegue ir de encontro
à personalidade de cada uma, eu sinceramente acho isso ótimo. Cada artista tem
seu próprio, mas eu gosto dos artistas que mesmo tendo seu próprio estilo, que
irá estar presente em qualquer personagem, conseguem diferenciá-los através de
feições e não apenas pelo figurino.
Eu sei que só ando falando aqui de mangás doces e moe, de
modo que este também é um yuri fuwa fuwa
daqueles que fazem o coração bater contente, mas são os que estão me dando mais
vontade de comentar atualmente. Além do mais, Rakuen no Jouken tem um pouco de
contos de fadas também, mas é mais no sentido tradicional da palavra. Apesar de
doce e com bastante elementos moe, Rakuen no Jouken traz conflitos de
relacionamentos adultos. Com exceção de uma história, as outras não possuem
tanta intensidade dramática por serem muito curtas, mas é o suficiente para contrastar
com romances colegiais, onde o conflito geralmente se encontra mais na
descoberta e em como lidar com isso, do que propriamente no relacionamento em
si. O engraçado é notar que apesar das diferenças de idade, primariamente os
conflitos num relacionamento adulto e adolescente ainda possuem bastantes
coisas em comum (“O amor ainda machuca, até mesmo quando se é adulto...” –
capítulo 2). Quer descobrir quais? Vem
comigo!, vou comentar sobre duas dessas histórias.
***
1) As condições para
o Paraíso – (The Conditions for Paradise)
Essa leva o nome da coletânea (originalmente Rakuen no
Jouken). Essa história possui 3 capítulos (o primeiro, segundo e terceiro).
Fala sobre Sally, uma Office Lady que vive uma vida certinha e previamente
calculada, todos os seus compromissos anotados numa agenda; e fala também sobre
Sumi, uma escritora free lance, que não se prende a lugar algum nem a ninguém,
com exceção de Sally, de quem é amiga desde o colegial e está sempre visitando entre
uma viagem e outra mundo afora.

Fora a amizade colorida, essas duas não possuem nada em
comum. Quando Sally é trocada por outra, pelo seu namorado, Sami vê a chance de
depois de 10 anos, se declarar para a melhor amiga. Elas se tornam amigas de sexo
e aos poucos um sentimento mais forte as envolve. Eu sinto a necessidade de
dizer que, se você é gay e por acaso é apaixonado por alguma pessoa
completamente hetero ("completamente hetero" *faz eco* - o que será
que quer dizer "completamente hetero"?), as chances de dar com a cara
na parede são bem grandes. Isso nunca aconteceu comigo, mas na minha fase
completamente hetero (LOL) já gostaram de mim e... não terminou bem para o
outro lado. Então não tenha tanta fé que terá a mesma sorte de Sami. Mas hey!,
se você estiver disposto a correr o
risco, quem sabe não rola?!!!!!


Deixando de lado os conselhos amorosos sexuais da tia
Betinha (pfffff), a questão de “amigas de sexo” é bem abordado. Você começa com
uma amizade colorida, nenhum compromisso, apenas beijos e amassos, mas lidar
com sentimentos é como mexer com fogo (“uma relação livre e casual é livre para
acabar a qualquer momento também”). O tempo passa, vão se formando
vínculos afetivos mais fortes e quando se percebe você tá querendo algo mais
sério, mas e se a outra pessoa não estiver disposta a abrir mão de sua
liberdade, da sua outra vida, para então, formar uma nova com você? Afinal de
contas, o que é a liberdade dentro de um relacionamento?, como se define
limites? Realmente é necessário abrir mão de sua individualidade para viver uma
vida em comum com outra pessoa? Dá pra conciliar? São as questões mais bacanas
nessa história. Aos poucos elas vão se conhecendo melhor como um casal,
conhecendo as facetas particulares de cada uma, algo que só é possível vivendo
e dormindo sobre o mesmo teto. E ao mesmo tempo, descobrindo seus limites e
fraquezas.

Descobrir as limitações dos parceiros é essencial para que
possa conhecer seus limites e respeitá-lo.
4) Garota de 20 anos
X Donzela de 30 (20 Musume x 30 Otome)
Essa história é a mais substancial e também a que mais me
cativou, pelo enorme contraste estabelecido entre as personagens e a ternura
com que Morishima desenvolve esta relação, permeada com romantismo e tensão
dramática.



Acho que as imagens falam por si. O que mais gosto aqui são
as inseguranças que elas possuem em comum e paradoxalmente a experiência que a
idade traz para saber lidar com situações adversas. Falo paradoxal porque, a
personagem mais velha entende a mais nova, por já ter passado por aquelas
experiências na juventude, como crises de insegurança e ciúmes, mas essa
experiência não a torna uma Bodhisattva dententora de toda a sabedoria do
universo. A experiência lhe trouxe a possibilidade de compreensão e
tranquilidade de saber lidar com aquela situação, por ser identificar. A
diferença entre alguém maduro/experiente e outra ainda inexperiente é bastante tênue.
A insegurança não é característica da idade, mas dos temores e fraquezas que
possui, em qualquer esfera da vida. O que distingue é que são situações
diferentes. Se a garota mais nova se sente insegura justamente por ser mais
nova e se sentir pequena diante da beleza formada e independência da amada
ex-professora, essa já se sente insegura devido à sua idade, sua pele não ser
mais a mesma de quando tinha 19 anos.


Bobo? Talvez, mas cada tem suas próprias neuroses internas,
que precisavam ser combatidas. 20 Musume x 30 Otome é excelente por ser
sensível a estes conflitos internos das personagens, não abrindo mão do clímax dramático,
mas nunca destoando da narrativa leve, romântica e divertida, que não apenas
está presente nesta história, como em toda a coletânea. Para quem gostou dessa
dupla, elas estão presentes também uma história da coletânea Ruriiro no Yume.
***
É uma coletânea que sintetiza seu título e fala justamente
daquilo que nos é muito obvio quando nos envolvemos seriamente com alguém: as
condições para o paraíso. Porque seres humanos são muito complicados. Qualquer
esfera de um relacionamento pode nos levar a um paraíso diferente, e todos eles
possuem suas condições, que são as diferenças a serem superadas. Talvez a
esfera mais complicada seja a do romance, por envolver muitas nóias próprias de cada pessoa.
Eu comentei só algumas histórias aqui, ainda deixei de fora
a belíssima “Princesa Sakura Banhada de Flores”, uma história em que a autora,
ao invés o utilizar o clássico “garota príncipe”, utiliza o “garota cavaleiro”,
que também me agrada bastante. É um conto de fadas folclórico, o charme fica
por conta das vestes das personagens e o romantismo melancólico da história.

Rakuen no Jouken traz ainda um imperdível extra final com a
autora destilando todas as suas fantasias pervertidas com relação às garotas e
sobre o que considera mais moe em histórias yuri. Sério, não deixem de ler, mas
apenas depois de ler todas as histórias, pois ela comenta todas.
Créditos das traduções: s2Yuri
Download: aqui (uma das histórias se encontra separada)
Autora: Morishima Akiko
Ano: 2007
Revista: Comic Yuri Hime (Ichijinsha)
***
Qual é a cor do amor?
Beijos são doces?
Garotas e garotos são salgados?
Porque você fica quente e com o coração agitado perto DAQUELA pessoa?
Quando se beija ouve sininhos?
Essa história fala sobre isso. De todas as fantasias que temos quando ainda não provamos a saliva de outra pessoa. Mas o que mais me diverte nessa história, é o modo como a senpai provoca sua kouhai, sabendo que ela não tem qualquer experiência, apenas o forte sentimento que nutre por ela.Talvez ela brinque e não leve a sério sua kouhai por sua inexperiência e infantilidade, mas mesmo os sentimentos mais ingênuos são dignos de atenção, certo? Quando o beijo ocorre quando se é criança, ele não tem a mesma carga emocional e sexual de quando ocorre quando você já começa a ver o corpo de uma outra forma. O que faz da fase de descoberta algo muito divertido.


[Fanfiction] Shadow 12
Olá a todos! Chegou a hora do climax de Mastered Negima Shadow! Sim, é neste capítulo que vamos acompanhar o desenrolar derradeiro da batalha contra Setsuna-P e saber enfim qual o desfecho deste combate mortal.
Espero que estejam gostando da série até aqui, semana que vem tem o capítulo final de Shadow chegando, já acompanhado de mais novidades literárias para o KaS. Boa leitura!
ps: ainda não respondi os comentários do último capítulo, mas vou fazer isso entre hoje e amanhã. Desculpe aos comentaristas!
Download pdf (mediafire)
Leitura online (mediafire)
Aviso-legal:
Mahou Sensei Negima não me pertence. Mastered Negima é uma obra de
fã, sem fins lucrativos.
Mastered Negima Shadow
Capítulo 12: Apesar de tudo
― Como é?! Eles foram para lá sem nós?!
A parcela restante da Ala Alba que havia permanecido no trem para
Husdranis estava reunida no sexto vagão do mesmo, que se encontrava
a essa altura da viagem se encontravam vazio. Assim que Kamo fora
comunicado mentalmente por Negi o arminho havia buscado um a um os
membros do grupo, para explicar a situação a todos de uma só vez:
― Cara, eu não consigo acreditar nesse idiotas! ― esbravejou
Kotarô. ― Por que eles foram sem agente?! Por quê?!
― Se acalma aí moleque. ― revidou Kamo, que estava sendo
pressionado pelos jovens.
― Kamo, agente tem como encontrá-los, não tem? ― perguntou
Asuna, que também estava lívida pela surpresa.
― Mana Asuna, isso seria muito difícil, já que estamos já muito
longe de onde eles partiram.
― Mas eles estão correndo um perigo enorme, não? A Pe-chan está
com dois dos amuletos poderosões! ― disse Haruna.
― Eles vão ficar bem? ― questionou Nodoka, aflita.
― A vantagem daquela shikigami maluca é mesmo enorme, se querem
saber. ― disse Kamo, sério. ― Eu espero que o mano e a mana
Konoka tenham ido lá só para trazer a mana Setsuna de volta.
― E essa da Setsuna?! Por que raio de motivo ela foi atrás da
Setsuna-P sozinha?! ― irritou-se mais ainda a ruiva.
― Tsc, eu tinha certeza de que alguma hora ela ia fazer isso. ―
comentou Kotarô. ― Ela sempre dá um jeito de tentar se ferrar
sozinha.
― Mas na época do Ice Soul você também foi com ela, Kotarô. Não
pode falar nada. ― acusou Haruna.
― Eu fui, mas era diferente. Estávamos só fugindo e eu odeio ser
covarde. Só que também não dá pra ser imbecil como ela dessa vez!
― Kamo, vamos voltar. Vamos encontrar aqueles três. ― disse
Asuna, com o temperamento mais controlado.
― Mas, mana Asuna. . .
― Eu vou ir sozinha se não concordar.
― Sozinha não! Eu também ilei, Asuna. ― disse Kuu Fei.
― E eu! Se estiverem vivos eu vou fazer questão de surrá-los com
as minhas mãos! ― emendou Kotarô. agressivo.
― Ai caramba, isso vai ser trabalhoso. ― lamentou-se o arminho,
baixo para que não fosse escutado pelo jovens que discutiam e
falavam quase aos berros entre si. ― Espero que não encontremos
uma tragédia.
Negi e Setsuna-P se encaravam em silêncio já a vários minutos. A
tensão do combate parecia ter se elevado muito desde a discussão
que interrompera a troca de golpes. O olhar da ex-shikigami era
ardiloso e carregado de rancor. Estava a espreita do menor sinal de
discuido do garoto para poder investir. Já o mago tentava manter os
sentidos o mais alerta o possível, para ser capaz de esquivar de
qualquer investida repentina.
O vento o soprou pela planície escondida e o seu cessar foi o sinal
inaudível. Set-P deu um rasante e posicionou a espada. Deu um golpe
direto, com a lâmina apontada para frente. Negi esquivou-se por
pouco, mas ele não esperava pelo chute no estômago que veio em
seguida. A sombra aproveitou a brecha para socar o rosto e peito do
garoto, que caiu e levantou-se num movimento largo para afastar-se.
Agora com os dois em pé no chão Setsuna-P guardou sua arma e
aprumou os braços. Negi tinha confiança na sua técnica
corpo-a-corpo, portanto avançou.
Só que diferente de antes, a ex-shikigami tinha uma postura muito
mais cofiante e divertida em relação ao combate. Deixava-se atingir
sem que isso lhe afetasse de qualquer modo. O professor-mago chegou a
acertar toda uma sequência de socos no rosto e colo dessa, sem que a
mesma sequer recuasse um centímetro. Aquilo tirou a concentração
do garoto.
Era o momento que Set-P aguardava. O instante de distração de Negi
foi tudo o que precisou para sacar sua espada como um raio e
atravessá-la pelo seu abdômen. E não parou nisto. Seguiram-se
cortes profundos nos braços do guerreiro-mago e outra perfuração,
dessa vez na coxa esquerda. Ao final da sequência sanguinária
Setsuna-P chutou o adversário que rolou três metros e ficou
estirado no chão:
― Até que você tem bravura, Negi Springfield. ― disse a sombra
viva que em quase nada se assemelhava à Setsuna Sakurazaki. ―
Qualquer outro teria se deixado levar pelo medo muito antes de você.
― Ainda. . . Não desisti. ― disse o garoto se erguendo, trêmulo.
― Pois devia ter desistido, sensei. ― retrucou Setsuna-P,
esvaindo seu olhar do divertimento de antes, assumindo um ar bem mais
perigoso.
Sem piedade, Set-P avançou primeiro e atacou. Negi ergueu os braços
para defender-se e um corte profundo foi feito na sua mão e
antebraço. Para finalizar, ela utilizou pela primeira vez a energia
mágica dos amuletos para algum efeito: lançou uma rajada de poder
contra o peito de Negi, que voo vários metros para trás e caiu,
dessa vez inconsciente.
Mais uma vez, a sombra saiu vitoriosa do combate.
Depois de todo o medo e angústia com a possibilidade ter tudo o que
fazia sua vida ter sentido tirado de si, em um instante fugaz, Konoka
Konoe finalmente encontrou o silêncio absoluto dentro da própria
alma. A completa escuridão se tornou absoluta diante de seus olhos
fechados e uma porta para algo muito além da existência surgiu. Era
o ato conclusório da evocação mística que realizava como
encerramento do feitiço de exorcismo mais poderoso já inventado
pela sabedoria humana. Seu corpo inteiro foi dominado pela sensação
de mergulhar em chamas que não poderiam lhe ferir. Um brilho azul
intenso se concentrou bem diante de si e a maga fechou as mãos que
estiveram o tempo inteiro unidas em oração e invocação.
Instantaneamente tudo tornou-se escuro novamente. Ela sabia, era o
momento.
Konoka abriu os olhos e ergueu-se. Tinha noção total da figura que
se aproximava sem pressa pelas suas costas. Manteve os punhos
fechados ao lado do corpo e virou-se.
Setsuna-P caminhava com o sorriso mais largo do que em qualquer
momento da batalha até então. Sua espada pendia, segura pela mão
esquerda, arrastando a lâmina no chão. Seus olhos negros,
estreitados pela malícia fintavam o castanho do olhar determinado da
maga. Essa parou sua caminhada somente quando estava a menos de dois
metros de distância da outra:
― Então, agora é só você e eu, Konoka Konoe. ― disse a
sombra, o sorriso quase se tornando demente de excitação. ―
Talvez eu devesse verificar antes se sua namorada continua
respirando, mas, pelo estado que deixei ela, é bem provável que
não. Não concorda?
Ainda que fosse uma provocação, a possibilidade de que Set-P
estivesse certa na sua afirmação era alta. Porém não havia espaço
na mente e coração de Konoka naquele momento para sentir o medo.
Tinha que manter a concentração para preservar a energia do feitiço
que reservava consigo:
― Que cara é essa? Por acaso está amargurada pelo que fiz? Eu te
avisei que iria acabar com eles na sua frente, não é mesmo? Não me
venha com choro agora.
― Eu te disse uma vez, Setsuna-P, que você não será capaz de me
matar. ― disse a maga, sustentando o olhar da outra. ― Eu te
provei isso, não?
― Me pegar desprevenida daquele jeito foi fácil, mas não vai
acontecer dessa vez. Além disso seu blefe não vai mais colar
comigo.
― Blefe? Mas eu estava certa.
― Certa?! Certa em dizer que eu ainda estou apaixonada por você?!
Acha mesmo que ter tentado me matar daquele jeito covarde, quando eu
mais precisava da sua aceitação, é algo que pode ser esquecido tão
fácil?!
― Eu não queria ter feito aquilo. Você estava fora de controle.
― Eu só queria ter o direito de viver! Por que todos me impediram
de ter isso?!
― Você ainda está cega. Mesmo todo esse tempo não foi o bastante
para que você enxergasse o que realmente aconteceu, não é,
Setsuna-P? Toda a crueldade e egoísmo que levaram àquela situação
horrível.
― É muito fácil colocar tudo nas costas da shikigami anormal, não
é verdade?! Os humanos sempre estarão certos na história, sempre
serão as pobres vítimas! Vocês nunca poderiam entender, porque
nunca foram seres sem o direito a vida!
― Se você tivesse desistido de agir daquela maneira, logo no
começo. . . Se. . . Se eu tivesse te impedido de fazer aquelas
coisas, tudo teria sido diferente.
― Ora, então você coloca alguma culpa sobre seus ombros?! É um
milagre!
― A minha culpa é por ter sido fraca demais para te fazer parar
com aquela loucura. Eu sofri uma culpa em dobro pela minha tolice.
Fui uma traidora vil e também uma imatura por não ser capaz de te
salvar do caminho que criou para você. Eu sei que no fim das contas,
fui eu quem falhou.
Setsuna-P ficou sem palavras mediante aquela confissão. Quase chegou
a aceitar aquelas palavras da maga-branca. O primeiro momento em que
duvidou de todo o sentido da sua vingança e pensou se não haveria
outra alternativa:
― Do que está falando? Está arrependida, de uma hora pra outra?
― Eu sempre estive arrependida, só que você não é capaz de
enxergada, além disso, não é?
A essa altura a expressão de ódio de Setsuna-P já havia se
desfeito por completo. Apenas confusão e um pouco de medo se viam no
lugar da ameaça:
― Será que ainda há tempo para consertar tudo? Apesar de que. . .
talvez eu que não fosse mais capaz de voltar atrás. ― disse
Konoka, apertando com ainda mais força os punhos.
― Eu. . . só. . . ― Setsuna-P estava a ponto de dizer as
palavras que poderiam extinguir de uma vez por todas as sombras que
dominavam sua alma. Ela mesma poderia deixar de ser apenas uma mancha
de rancor para enfim ser uma pessoa livre. Só que algo a impediu.
A algumas décadas atrás, quando o grande mago conhecido como
Thousand Master enfim conseguiu deter o feiticeiro que fora capaz de
trazer da profundeza do Universo a maior fonte de poder mágico já
existente ele percebeu o grande perigo que aquela força significava.
Ele próprio dividiu aquela força e a aprisionou em forma de
amuletos, para serem escondidos. Teriam que ficar o mais distante o
possível de qualquer forma de vida. Isto porque existia uma
propriedade naquele poder que nem mesmo uma divisão em milhões de
partes iria extirpar daquela matéria única.
O gosto pelo Mal. A energia se atraída por pessoas com caráter ou
sentimentos ruins. Quanto mais sombrios, mais veloz era o efeito de
atração. Mesmo os amuletos eram capazes de desaparecer de um local
para o outro em busca de um hospedeiro com alma cruel para poder
habitar.
E quando se fala em hospedeiro é acertado, pois os amuletos ao se
fixar em uma pessoa passam a possuir sua alma e alimentá-la para o
Mal. Mesmo pessoas ligadas àquelas forças sem tocá-las diretamente
eram possuídas apenas pela aura de influência daquelas fontes. Uma
vez escolhido, o hospedeiro jamais poderia se livrar da maldição.
O lado bom dessa natureza é que pessoas de alma predominantemente
boa não eram possuídas e ainda conseguiam extrair boa parte da
energia dos amuletos. Porém o menor traço de amargura ou ódio
verdadeiro seria o bastante para mudar essa situação.
No passado o Thousand Master escondeu as jóias carregando aquele
poder com a esperança de que elas jamais fossem alcançar novos
hospedeiros. Algo que se mostrou ineficaz com o tempo.
Antes que fosse capaz de continuar sua fala, Setsuna-P sentiu uma dor
excruciante dentro do peito e berrou. Konoka se surpreendeu com
aquela reação, mas não se moveu. A espadachim cambaleou e começou
a falar consigo mesma, com uma voz rasgada e gutural:
― O que está fazendo?! Por que hesita de repente?! Você sabe o
que tem que fazer. Termine com isso!
― Setsuna-P? ― Konoka estava em chofre. Era como se a outra
estivesse possuída por alguma coisa. Foi então que a maga branca
recordou das palavras que ouvira de seu pai, na última vez em que
conversaram antes da excursão à Husdeven.
"É melhor para o mundo que essas jóias sejam recuperadas e
destruídas de uma vez. O Mal que elas evocam é capaz de destruir a
alma de qualquer homem ou mulher. É uma benção e maldição
grandes demais"
A jovem compreendeu então que aquela reação de Set-P no justo
momento em que parecia criar a consciência de seus atos devia ser
uma reação dos amuletos contra aquela mudança.
Setsuna-P parou de falar e ficou respirando forte, olhando para o
chão. Quando ergueu o rosto sua expressão havia se transformado por
completo mais uma vez. Estava muito pálida, com um tom quase
esverdeado, os olhos injetados:
― Você. . . ― a voz de Pe tremia, mas estava novamente carregada
de ódio. ― Não pense que vai me convencer com essa conversa mole,
Konoka Konoe!
― P-Pe. . . Você. . . Você não quer fazer isto, não é?
― Tudo o que eu quero é o seu sangue nas minhas mãos, sua vaca
maldita! ― gritou Setsuna-P. ― As suas entranhas vão colorir
esse lugar sem importância em alguns instantes, vai ver!
Konoka sentiu um peso gelado no estômago. A outra estava fora de si.
Sua conversa não chegaria a lugar nenhum e agora seria muito mais
difícil conseguir o contato direto com a pele da ex-shikigami para
que pudesse liberar o feitiço de exorcismo. Antes disso teria seus
membros espalhados para todos os lados.
Erguendo a espada, Setsuna-P correu para o golpe fatal. Konoka não
podia desviar bruscamente para não arriscar que o feitiço em suas
mãos se dissipasse. Não havia escapatória. Então a maga branca
deixou a razão e agiu apenas com seu instinto. Deu dois passos à
frente.
Dois passos. O suficiente para se adiantar demais ao golpe. Entrou
entre os braços ainda erguidos em guiza de golpe de Setsuna-P. Esta
tentou recuar, mas não era possível tão bruscamente. As duas
colidiram, mas ao invés de cair ou se afastarem, Konoka passou os
braços pelo corpo da outra. Um abraço.
A essa altura a garota de longos cabelos castanhos já sabia o que
fazer. Deixou que uma única frase escapasse de seus lábios.
Setsuna-P pode escutar com perfeição:
― Eu ainda te amo.
Uma luz azul imensa explodiu, engolindo as duas. Um pilar se extendeu
aos céus iluminando ao ponto de fazer o dia parecer mais escuro.
Konoka foi sendo afastada do núcleo da poderosíssima magia. Uma
corrente de vento circular forte como um furação se formou ao redor
do pilar de luz azul que girava. Um calor terrível se formou na base
do pilar, parecendo que iria explodir, mas logo foi cessando, assim
como a própria luz. Em pouco tempo nada mais restou. Nem luz, nem a
pessoa que fora atingida pela magia. Apenas os dois pequenos amuletos
caídos ao solo.
Ágape. O amor incondicional e livre de qualquer sentimento carnal e
físico. O sentimento mais poderoso que pode unir o homem ao
universo. A emoção capaz de superar todas as outras e aceitar cada
um em todos os seus defeitos. A benção que os erros que Konoka
tanto se arrependia trazia consigo. Algo que carregaria pelo resto de
seus dias, assim como a dor.
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Posted by LKMazaki