Archive for 2018

Yuri Café #08 - Voltando a Ativa com Citrus Plus e YagaKimi

Olá a todos!

No ressurgimento do Yuri Café, falamos sobre como anda o anime de Yagate Kimi ni Naru, a ansiedade por Citrus Plus, a espera pelo volume brasileiro de Citrus, alguns animes e mangás da atualidade e... gatos!
Prepare um cafézinho, um refrigerante, suquinho ou fique pronto na sua viagem de ônibus para nosso expresso de notícias yuris!



[Notícia] Data de Lançamento e Capa de "A Rosa de Versalhes" no Brasil

Anteriormente a Editora JBC havia anunciado que o mangá de A Rosa de Versalhes iria sair no Brasil. E agora trazemos notícias fresquinhas!

Com a nova política de lançamentos da editora, o mangá terá lançamento dos dois primeiros volumes ao mesmo tempo (foi o que deixou a entender Cassius no vídeo explicativo), entre final de janeiro e o início de fevereiro. Lembrando que o formato do mangá é BIG, ou seja, ele terá vários volumes condensados em um único.
Também foi explicado que o projeto gráfico da capa é original brasileiro e que o mangá teve que ser inteiramente digitalizado e tratado do zero, já que não havia nada digital na editora original. Parabéns pela perseverança no trabalho.

Agora basta guardar o dinheiro, por que vai ser pesado!

[Notícia] NewPOP anuncia "My Lesbian Experience With Loneliness"

É isto mesmo!
A Editora NewPOP, a mesma que está lançando este mês o primeiro volume de Citrus no Brasil, acaba de anunciar neste sábado um novo yuri no Brasil: My Lesbian Experience With Loneliness ("Minha lésbica relação com a Solidão", em tradução livre).

O mangá auto-biográfico de Kabi Nagata, fala sobre as dificuldades de uma pessoa com problemas psicológicos e a busca por sentir sentimentos e aflorar a sexualidade. Inicialmente publicado no Pixiv, o mangá foi ganhador do Harvey Award de melhor mangá de 2018, contra nada mais, nada menos do que mangás como My Hero Academia, Tokyo Ghoul e Your Name.
É uma grande felicidade para a equipe do KaS (que tem a versão americana da Seven Seas em sua biblioteca) ver um mangá tão denso e fora do "padrão yuri" ser lançado no Brasil. Mais uma vez a editora NewPOP mostra que está pesquisando muito bem os títulos para serem trazidos ao país e se colocou de vez como a queridinha do público yuri.

Agora é esperar para ver quando que o mangá será lançado.

Fonte:
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Yuricast #20 - Shoujo Kakumei Utena - Parte 02

E cá voltamos com nosso querido podcast, senhoras e senhores! Dessa vez para retomar a conversa sobre Utena em uma análise bem humorada e cheia de especulações sobre o segundo arco da série de TV, a Saga da Rosa Negra.



Neste programa vamos falar um pouco sobre visagens, elevadores sinistros, sinos e relações saudáveis entre irmãos (pra variar). Pegue sua espada e seu anel de duelista e vamos voltar à arena da floresta proibida, onde um castelo nos céus nos aguarda para Revolucionar o Mundo!

[DOWNLOAD] Yuricast #20 - Shoujo Kakumei Utena - Parte 2 (1:42:47 - 109.9MB)

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[Notícia] New Pop marca o lançamento de Citrus para dezembro

Finalmente mais informações sobre o lançamento de Citrus!

Através de sua página no Facebook, a Editora NewPOP marcou para dezembro deste ano o lançamento do primeiro volume de Citrus.



Em maio de 2018 a NewPOP havia anunciado a aquisição dos direitos de publicação do mangá de Citrus (na época ainda em publicação e com um anime recém-exibido nas TVs japonesas - no Brasil através do Crunchyroll). Neste anúncio eles também afirmaram que o lançamento ocorreria ainda dentro de 2018, uma previsão que deixou os fãs da obra bastante felizes. Porém, o silêncio posterior a isto tinha começado a levantar suspeitas de que os planos da editora tinham sido adiados.

Felizmente agora temos uma confirmação de que, ainda que no finalzinho do ano, teremos o início da publicação da obra de Saburouta em português. (Bem a tempo de ser o presente de Natal para a crush, fica a dica).

Um detalhe interessante é sobre o formato, que apesar de não ter sido confirmado pela NewPOP, parece ser semelhante ao da edição pocket japonesa, pelo que a foto de capa mostrada na publicação.

Outro mangá que interessa ao público yuri e que também estava marcado para sair neste ano era A Rosa de Versalhes, pela Editora JBC em formato Big. Infelizmente sobre este título ainda não temos confirmação de lançamento, então a possibilidade do adiamento continua sobre este.
domingo, 18 de novembro de 2018
Posted by LKMazaki

[Comentários] Yagate kimi ni Naru 1 e 2: A importância de uma boa fotografia

Após uma longa espera, o anime de Yagate kimi ni naru (Bloom into you no ocidente, também apelidado de YagaKimi) estreou e com ele nossa seção de comentários. Após 2 episódios, pude ver adequadamente as qualidades e falhas da adaptação e aqui estou para expor minha opinião.

A princípio, acho melhor explanar um pouco sobre o que é a série.

Yagate kimi ni naru é um romance com foco no psicológico, com vertente também em conceitos de sexualidade que conta a história de Yuu Koito, uma recém estudante de ensino médio que tem que dar resposta a uma declaração que recebeu na formatura do primeiro grau.

Curiosamente, Yuu sabe que não sente nada pelo garoto qual se declarou a ela, entende conceitos de amor e o que deveria sentir, mas nunca sentiu nada parecido com ninguém. Quando Yuu vai ao conselho estudantil de sua nova escola para um período de teste para ver se gostará e virará oficial do conselho, a garota se depara com uma garota rejeitando uma declaração, falando que "não tem intensão de namorar ninguém, seja esse quem for". Após pedir ajuda a garota, Touko Nanami, beldade do segundo ano e do conselho estudantil, Yuu consegue responder com clareza ao garoto seus sentimentos. Mas a garota tem um novo problema, Nanami se declara, dizendo que elas não eram iguais.

E assim YagaKimi começa.

O mangá é cheio de questões sobre sexualidade, sentimentos e a complexidade das relações entre pessoas. Por isto, a adaptação para animação poderia dar muito certo, ou muito errado visualmente. Fazer uma adaptação ao pé da letra de tudo o que se tem do mangá ficaria bom, mas poderia em alguns momentos não conseguir transparecer o que acontece nas páginas, já que são mídias diferentes.

Admito que após ver o primeiro episódio pela primeira vez, impliquei um pouco com o design de personagens, muito plano, sem tridimensionalidade. Porém, após ver mais 3 vezes (sim..) o episódio e o segundo duas vezes, me acostumei com a arte. Ainda não sou tão fã, mas me acostumei. Por outro lado, a trilha sonora é sutil, com foco em piano e violão e funciona bem. Ela lembra algo como Maria-sama ga Miteru, mas tem uma personalidade própria. Principalmente a abertura e o encerramento.

E que abertura.
Cheia de alegorias, figuratividade e densidade, o visual da abertura é perfeito. Diz tudo sobre a série e  merece uma análise apenas dela.

Falando em figuratividade, é a melhor qualidade dessa animação. Os momentos "aquáticos" onde Yuu não consegue falar com as amigas sobre o menino que se declarou, ou quando ela pensa que
Nanami-senpai já sabe o que é sentir que alguém é especial para ela. É um artifício simples, mas que funciona muito bem e nem era usado na obra original. É surpreendente que este seja o primeiro trabalho como diretor de fotografia de Tomonori Katou. Os detalhes são muito bem cuidados e transmitem muito bem o que os personagens sentem.

O que havia no mangá e foi utilizado visualmente um pouco diferente foi a questão dos brilhos. Na obra original, sempre que mostrava alguém apaixonado (principalmente no primeiro volume), havia brilhos na volta. Já na animação, foi feito questão de ser realizado de modo diferente. Seja com os olhos da Touko brilhando, com o garoto que se declara ou com a amiga do clube de basquete. É muito interessante, fico querendo voltar e voltar a ver todas as cenas, dissecando.

Porém, o que mais gostei foi os momentos onde focaram na Yuu. Quem leu o mangá sabe que Yuu teve um certo impacto pela Nanami-senpai no primeiro capítulo, com ela falando que não ficaria com ninguém. Só que no anime foi tão forte, mostrado de um modo tão interessante, que deixa uma pulga atrás da orelha de que se a Yuu não se apaixonou ali. Foi muito interessante. Todas as cenas onde a Touko aparece no primeiro episódio deixam um impacto forte na Yuu. Todas.

Falando em mudanças, achei muito bom os ângulos em primeira pessoa, em Yuu e Nanami, nesses
dois primeiros episódios. São pequenos detalhes que dão vida e personalidade a uma obra que está sendo adaptada com alta fidelidade.
E o que dizer da cena do primeiro beijo?! Sério, eu fiquei estupefata. É tão bonito, com detalhes maravilhosos e de uma sutileza sem tamanho. Sério que a Yuu acha que não sentiu nada naquele momento?! Sério?! EU TÔ MORTA COM ESSA CENA. (Fim do momento de surto)

Quanto a outros detalhes a serem destacados, posso dizer que gostei muito da dublagem. As vozes combinam e estou estasiada com a voz da Nanami-senpai. É perfeita! Quanto a animação, outro problema é a economia na mesma. Por ser uma obra de claro baixo orçamento, foi focado mais no 3D nas cenas para impactar, mas a animação tenta achar modos econômicos para fazer as cenas, seja com closes, ou outros artifícios.

Para não parecer tudo tão pesado e denso, o vídeo de encerramento funciona muito bem para o outro lado de Bloom into you, onde as personagens tem momentos que apenas se dão bem, sem pensar no que estão sentindo. É animado e as vozes das protagonistas funcionam muito bem na música.

Posso dizer seguramente que para mim a adaptação do mangá que mais gosto nos últimos anos de yuri está sendo quase impecável. Estou curiosa quanto ao que vem por aí e onde afinal a adaptação irá parar.

Podem ter certeza que trarei tudo aqui para mantê-los informados!

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Yuri Café #07 - Padrões de Ships, Musical de Utena, outros surtos e Comentários

Olá a todos!

Depois de uma semana sem internet graças ao maravilhoso serviço contratado estamos de volta com o sétimo Yuri Café! Como sempre o programa está repleto de aleatoriedades como comentários sobre padrões entre alguns ships ou propaganda imensa do novo musical de Utena (é sério, vocês também tem que ver!). Claro que também respondemos os diversos comentários deixados no site e canal desde o último Café (faz muito tempo, nem acredito!) .


Então já sabe, prepare um café (ou chá, ou chocolate) e venha ouvir o papo de duas fãs de yuri surtadas que somos.

[DOWNLOAD] Yuri Café #07 - Padrões de Ships, Musical de Utena, outros surtos e Comentários ( 48.6MB - 0:40:42)


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[Opinião] Sobre Trailers de YagaKimi e Primeiras Impressões

Olá gente!

Faz um tempo desde que a Se-chan aqui não posta nada, mas acredito que chegou a hora de surtar como nunca e tirar o atraso com o assunto que me tem mais importância no ano: o anime de Yagate kimi ni naru (Bloom into you).

"Por que mais importante?", você pergunta. YagaKimi é meu mangá favorito há alguns anos e desde o anúncio do anime estou pronta para fazer textões semanais comparando anime e mangá, falar de trilha sonora, dublagem e muitos surtos! Então chegou a hora de colocar mais informações aqui sobre a série e dar minha opinião sobre o que já saiu de informações e imagens.

Primeiramente, devo revisar que os dubladores já foram divulgados:

Nossa protagonista Yuu vai ser dublada por Yūki Takada, que não é a mesma dubladora dos PVs. Minako Kotobuki continua dublando Nanami-senpai e foi divulgado que os dubladores da Sayaka e do Maki (o menininho que gosta de ver a evolução do romance de longe) são Ai Kayano e Taichi Ichikawa.

Para quem não sabe, Yūki Takada é a dubladora da Aoba de New Game, Kotobuki é a mesma dubladora da Mugi de K-ON, tem uma carreira sólida e de ótimos trabalhos. Kayano dubla a protagonista de Amanchu e a Rin de New Game, entre muitos outros sucessos.

Após o primeiro trailer, tivemos ótimas imagens promocionais do anime e a poucas horas tivemos a divulgação do segundo (e provável último) trailer da série. Nela é possível ver um trecho da mais icônica cena do primeiro capítulo, além de escutar parte da abertura do anime ("Kimi ni Furete" interpretada por Riko Azuna).

Eu devo dizer que a primeira imagem promocional não havia me animado (foto a esquerda). Eu fiquei preocupada, o visual delas não parecia bom, de algum modo. Porém, depois de todo esse conteúdo que saiu e os trailers, fiquei muito mais aliviada. Talvez fosse só pela falta de fundo elaborado, ou o ângulo das personagens.

Os trailers mostram apenas o primeiro capítulo, mas tudo o que vi foi empolgante. Apesar de em alguns momentos ficar visível que economizaram na animação (principalmente em closes), a pintura e o design dos personagens ficaram muito interessantes.
Claro, podemos sentir algumas diferenças. As cores são próximas, mas a paleta e tipo de pintura são diferentes do mangá. Yuu parece bem tensa (bom, no primeiro capítulo ela está com um problema um pouco chato), e a música no primeiro trailer nos deixa essa impressão de um de romance juvenil. É perfeito. O clima, a música, o jeito como o trailer nos leva a conhecer a Nanami-senpai, sentindo a reação da Yuu. É muito bem feito.
Já o segundo trailer, começa calmo, mostrando a escola, o clima, e nos leva até o ápice do primeiro capítulo. Após isto, o vídeo tem trechos de conversas entre Nanami e Yuu, além da música de abertura ao fundo. Achei a música muito boa, parece ter um clima interessante para a obra. Fico realmente curiosa de como será o encerramento cantado pelas duas protagonistas.
Eu realmente não tenho como descrever o que senti além de "empolgação" e "ansiosa". O anime irá estrear dia 5 de outubro (sim, está perto!!) e cada vez parece que será melhor. O estúdio Troyca parece estar fazendo um ótimo trabalho.

Como fã da série, se não achar bom, não vou falar bem nas resenhas que irão sair. Mas se eu me empolgar, se preparem, pois vai ser só surto!
Agora é esperar só mais um pouquinho, só mais uns diazinhos, para poder assistir em movimento Yagate kimi ni naru.


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quinta-feira, 20 de setembro de 2018
Posted by Se-chan

Yuricast #19 - Lírio de Ouro 2018

Olá a todos!

Com um tanto de atraso cá estamos de volta com mais um Yuricast! Dessa vez para um bate-papo sobre coisas quase tão boas quanto romances de lírios: músicas de animes de romance de lírios!



Eu (LKMazaki) e Se-chan fizemos uma seleção de nossas músicas favoritas de animes yuri em diversas categorias para realizar a primeiríssima edição da premiação oficial do Kono-ai-Setsu, o Lírio de Ouro! Uma premiação fajuta, mas que serviu para reviver algumas músicas ótimas para apresentar a quem não conhece e relembrar a quem já muito delirou ao som dessas baladas!

Então, estoure a champanhe porque hoje a festa é glamourosa! Venham se divertir conosco em mais um papo cheio de surtos, dessa vez surtos musicais!

[DOWNLOAD] Yuricast #19 - Lírio de Ouro 2018 (46:39 - 59.6MB)


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Começa o Yuri Game Jam 2018

Nota da Equipe: Antes de mais nada, gostaríamos de pedir desculpas a todos os leitores do Kono-ai-Setsu pela falta de artigos nas últimas semanas. Estivemos envolvidas com questões pessoais como mudança (física, de endereço) e isso acabou nos tomando a atenção de maneira enorme. Sabemos que ter falhado com nosso dever informativo em relação ao nosso público, por isso deixo esta nota antes de retomar as atividades. Esperamos que possam compreender e, uma vez mais, nos desculpar pela falha. Apesar do site ser uma iniciativa completamente autônoma, feita porque realmente amamos fazê-lo, temos o dever de atingir o objetivo primário de ser um canal de informações e entretenimento relativo ao yuri, portanto esperamos com sinceridade não repetir essas falhas de forma rotineira. Agradecemos de coração a todos que acompanham este trabalho. [LKMazaki]

Olá a todos! Estamos em setembro e, de 2015 para cá, isso significa muito mais para os fãs de yuri, por causa do anual Yuri Game Jam, evento que este ano cresceu muito em relação ao ano passado e é exatamente por isto que, uma vez mais, vamos falar um pouco sobre as novidades que esta maratona de dois meses promete para nós!


O que é o Yuri Game Jam?


Para os não familiarizados, um Game Jam é um evento onde pessoas ao redor do mundo combinam de realizar o desenvolvimento de um jogo completo (ou pelo menos demo, dependendo do Jam) dentro de um período curto de tempo. É como uma maratona onde concepção, design e codificação devem ser realizadas com as ferramentas que os participantes tiverem ao alcance. Os objetivos dos Game Jam são, além da circulação de idéias dentro do nicho específico de desenvolvedores que participam, o incentivo ao desenvolvimento indie de jogos, o que é algo importante para novos programadores e designs de jogos.

Com a popularidade dos Jams a diversificação dessas maratonas ocorreu de maneira natural, assim em 2015 foi realizada a primeira edição do Yuri Game Jam, onde 41 projetos foram entregues ao final (de acordo com a página do projeto no site Itch.io). Aqui no Kono-ai-Setsu fizemos um artigo comentando diversos dos projetos apresentados na ocasião, que pode ser conferido em Yuri Game Jam: incentivo à produção de games indie! 

YGJ 2018 ainda está no começo


Em sua quarta edição, o evento conta até o momento com 201 projetos inscritos, o que é um número impressionante. Claro que a tarefa de desenvolver um jogo em dois meses não é simples e portanto o número final de trabalhos entregues deve diminuir, porém mesmo que metade não termine esse número ainda será maior do que a edição de 2017, seguindo a tendência de crescimento que o evento tem desde sua fundação. Levando em consideração o crescimento do yuri enquanto gênero consumido e sobre o qual se tem interesse no ocidente esse crescimento vem a somar pontos na difusão e crescimento da qualidade do material disponível sobre. 

Como programadora e como entusiasta de yuri aproveito que ainda estamos no começo do evento para indicar a todos que tenham vontade de produzir algo com yuri a se arriscar. Não existe determinação do tamanho do projeto, ou a imposição de que seja um jogo completo, um demo já está bom. O importante é criar algo e compartilhar suas idéias com outros fãs de yuri e fãs de jogos, para que tenhamos cada vez mais histórias de garotas que amam garotas espalhadas para conhecer e consumir.

Aqui no Kono-ai-Setsu iremos acompanhar os trabalhos apresentados e traremos uma seleção dos que mais acharmos interessantes compartilhar (todos? afinal compartilhar trabalho dedicado de fãs de yuri é algo que adoramos fazer!). Até o momento três projetos tiveram versões já dispoíveis para acesso através do itch.io. São eles o Blooming Nightshade (de Jackkel Dragon), Witches of St. Sayuri (de Elkat) e The Club: The Beginning (de Durnathi).

Coloquem as mãos à obra e vamos encher o mundo de mais yuri!




segunda-feira, 10 de setembro de 2018
Posted by LKMazaki

[Quadrinho] Constelação #01



Olá a todos!

ENFIM cá estamos com o primeiro capítulo de Constelação, o novo projeto autoral de quadrinho do Kono-ai-Setsu. Apesar do atraso (a Se-chan não conseguiu tempo para editar a não ser agora) espero que vocês recebam bem o começo das desventuras de Natsuki em sua saga para se tornar uma pessoa um pouco menos estranha e talvez um pouco mais próxima de seu alguém especial.

Leiam e comentem o que acharam, assim as editoras poderão saber se cancelam a publicação cedo ou vão deixando alongar até que chegue algum arco aleatório com episódio de acampamento!

[DOWNLOAD] Constelação #01 (10.9MB - 16pgs)



















PS: O próximo capítulo sai daqui a dois meses (se Godoka me ajudar a não reprovar na faculdade pra isso).


domingo, 19 de agosto de 2018
Posted by LKMazaki

Yuricast #18 - Asagao to Kase-san OVA

Olá a todos! Cá estamos de volta com mais um Yuricast! Dessa vez para falar de uma das obras mais fofas e amadas do mundo do yuri nos últimos tempos, Kase-san!



Venham conosco (@LKMazaki e @SechanKV) mergulhar nas aventuras e melodramáticos dramas de amor de Yamada e Kase-san, esse casal tão, mas tão, mas tão fofo que só falta nos deixar sem ar de tanto amorzinho! E como sempre deixem seus comentários, críticas e sugestões para nós para que possamos continuar melhorando os programas.

[Download] Yuricast #18 - Asagao to Kase-san (58.4MB - 0:47:38)

Até o próximo programa!
quarta-feira, 15 de agosto de 2018
Posted by LKMazaki

[Conto] Intocável, por LKMazaki

Olá a todos!

Já tínhamos comentado em algumas oportunidades sobre a intenção de trazer neste ano alguns conteúdos criativos próprios para o site. Enquanto o quadrinho Constelação está em estado vegetativo (mando vibes positivas para que a Se-chan termine de editar o capítulo de uma vez) vamos com literatura com um conto que na verdade é a primeira parte de uma história de quatro capítulos.

Intocável, ou "Um lugar entre o passado que não me pertence e o futuro que posso alcançar" é uma história de ambientação fantástica, no mundo de Therimah, mas que não trata de fantasia por si. Aqui o enredo tem relação com política e, claro, romance entre garotas (que é o que nos interessa!). Tenho planejado escrever mais três partes de história, mas como cada uma delas é independente, podem se sentir tranquilos para ler esta aqui.

Sinopse: Na capital da poderosa nação de Astran, Catherin Sthargh se verá envolvida em um confronto político perigoso, envolvendo o Partido Nacionalista e uma força separatista dentro do Senado. Apesar de ser apenas uma estudiosa, Catherin irá confrontar Anita Stradovaus, uma pessoa que tem muito mais em comum consigo do que um parentesco distante.

Link para leitura no Wattpad: https://www.wattpad.com/616859315-intocável-parte-1-crime



Intocável

 ou “Um lugar entre o passado que não me pertence e o futuro que posso alcançar”


Parte 1 - Crime



— Só você pode fazer isto, Catherin. — foram as palavras que sentenciaram meu envolvimento naquele esquema impronunciável.

O lugar era um bar dentre tantos na periferia de Adram, Capital de Astran, uma das nações livres que obedeciam aos tratados de Doradem. Estava quente ali dentro, apesar da noite de outono típica lá fora. Lanternas amarelas iluminavam com irregularidade as dezenas de mesas. O cheio de cerveja barata e cigarro preenchia tudo, me levando a tossir volta e meia. Praticamente todos ali eram homens à exceção das garçonetes de avental desbotado e decotes proeminentes. Talvez até houvesse algo a se aproveitar de tal local obscuro, mas eu nunca frequentaria um lugar como aqueles se não tivesse sido convidada por meus camaradas.

Ou melhor, se não tivesse sido coagida por dois conhecidos de minha vizinhança materna a acompanhá-los. Pelos deuses tivesse sido capaz de escapar naquela noite:

— Vocês não podem estar falando sério. — foi a primeira coisa que respondi àquela delegação sumária. — Eu sou uma acadêmica, uma matemática, não uma assassina!

— Fale baixo, Sthargh! — chiou Oswald Erthta, um homem de vinte e tantos anos e cabelos já raleando. — Por Simes, podemos ser ouvidos por algum policial disfarçado.

Senti um arrepio correr minhas costas àquele alerta. Poderíamos estar sendo vigiados? Que tipo de pessoas seriam vigiadas pelas autoridades com tamanha discrição? Será que meu futuro acadêmico já estava comprometido antes mesmo de acatar a tarefa absurda que tentavam me incutir?

— Você não entendeu ainda a situação que estamos passando, Strargh. — retomou Robinson Goes, o homem louro e de barba que fora quem dissera as palavras cruciais anteriores. — Não há tempo. Você é a pessoa mais adequada que existe em toda esta cidade para dar cabo daquela piranha da Stradovaus.

— Piranha. . . — repeti, apertando as sobrancelhas em desagrado ao nível do insulto proferido.

— Todos sabem da história da sua família com o Stradovaus. — disse Oswald. — Você pode ver este momento como a derradeira vingança pelo que eles fizeram sua avó e sua mãe passarem. . .

— Sem sandices desse tipo, Erthta. — cortei-o, exasperando-me genuinamente. — Não busco nenhuma vendeta por conta do passado sombrio que assola o nome da minha família. Vejo em meu esforço próprio para progredir em minha carreira como uma forma de deixar estes assuntos do passado para. . .

— Bobagem. — interpôs-se Robinson. — Tua avó foi deixada na miséria pelo Conde Stradovaus. Tua mãe vive adoecida desde nova pela precariedade dessa vida de periferia. Poderia ser diferente se não fosse o mal-caratismo daquele velhote. Dizer que não tem apetece tirar a vida da filha legítima daquele paspalho é uma inverdade das mais descaradas, Catherin.

Engoli a saliva àquelas palavras. Lembrar do estado sempre lamurioso de minha mãe era algo covarde da parte do camarada. Por Simes eu havia crescido em uma casa onde o nome da família Stradovaus era maldito. Ainda assim a minha luta contra aquela sede de vingança brutal era genuína. Eu não iria matar uma desconhecida ainda que, em papeis técnicos, ela fosse. . .

— É sua tia, mas ainda é uma Senadora piranha que quer destruir nossa nação. — colocou Oswald, com os punhos serrados sobre a mesa. — Além disso é uma Stradovaus. Ela merece uma morte horrível por portar tanta heresia em um só corpo.

— Eu sequer sei qual é sua aparência, muito menos como encontrá-la. — meneei, sentindo meus braços tremerem pelo recuo perigoso que meu discurso estava fazendo. Já falava como uma assassina preguiçosa em potencial.

— Ela está no prédio do Senado. — disse o louro. — Seu escritório é o terceiro do segundo andar, no quadrante norte. É a única que ficará lá hoje, pois está se preparando para o Golpe contra o Estado que cometerá na sessão de amanhã.

— Você é uma acadêmica de alta consideração. — falou Oswald Erthta, após bebericar sua cerveja. — Uma das raras pessoas que jamais será parada por qualquer segurança mesmo que fique a perambular nos corredores do Senado à esta hora da noite.

Olhei para minhas mãos trêmulas ao colo. Eu não tinha nada a ver com aquilo, mas ainda assim sentia que não havia escapatória possível:

— Mas como irei fazer isso? — perguntei, levantando os olhos para os dois homens à minha frente.

— Com isto. — disse Erthta, puxando do bolso da calça algo embrulhado em um tecido marrom cheirando a óleo. — Um disparo silencioso que irá salvar nosso país de ser desmantelado.

Olhei para o embrulho pouco discreto. A forma do cano fino da pistola era aparente mesmo a uma primeira vista. Levantei a cabeça e os dois homens do Partido Nacionalista me encaravam sem sequer piscar. Minha pálpebra tremeu como em poucos cálculos fazia enquanto eu esgotava todas as minhas possibilidades mentais de escapar daquele lugar.

Fechei os olhos e inspirei fundo. Com as duas mãos recolhi o pacote maldito, escondendo-o com receio em um dos bolsos internos do meu casaco:

— Você vai ficar bem, Catherin. — disse Erthta, incrivelmente mais doce de um momento para o outro. — Ninguém vai pegá-la, e também não haverá como provar posteriormente. Tome cuidado para não ser vista indo para o quadrante norte e sua vida de estudos seguirá intocada.

Ele levou uma mão para tocar meus finos dedos sobre a mesa. Recuei os braços e levantei, respirando com força para manter um mínimo de firmeza na voz:

— Se algo me acontecer, pode ter certeza de que acontecerá muito pior a vocês, seus covardes. — ameacei, com a voz falha. Virei as costas e fui em direção à saída, sem esperar para saber as reações daqueles machos malditos.







Como haviam dito, o porteiro da entrada principal do Senado foi extremamente cortês quando apresentei meu documento oficial de ocupação. Falei-lhe que iria para a biblioteca no setor sudeste, onde ouvira da existência de alguns tomos de Cálculo Diferencial muito peculiares e pude ver seus olhos de leigo brilhando em admiração. Em situações comuns eu teria um certo orgulho daquela reação, mas naquela noite eu apenas sentia um misto de náusea e leve tontura constantes.

Passavam das vinte e duas horas. Não havia ninguém pelos corredores. Por precaução fui realmente até a tal biblioteca e peguei alguns livros de cálculo trigonométrico e números imaginários e espalhei na mesa mais próxima à saída. Um álibi para caso alguém viesse a questionar meus motivos daquela visita. Também utilizei uma saída alternativa da sala de estudos, sendo o mais silenciosa o possível. Se meus nervos já estavam alterados antes deste ponto, daqui em diante chegava a assustar-me com o farfalhar do tecido da minha capa púrpura sobre meus joelhos.

A pistola que Erthta me entregara viera com seis capsulas para serem inseridas no pente removível no cabo da arma. Era projéteis minúsculos, feitos de metal acobreado. O cano fino era prateado e o cabo inteiro ornado de feições florais agressivas. Eu caminhava com uma das mãos no bolso, segurando a arma, sentindo as pontas dos dedos a textura fria dos enfeites.

As luzes dos corredores dos pavilhões leste e norte estavam apagadas. Apenas a luz que vinha dos postes da rua e entrava pelas largas janelas de vidro iluminavam alguns trechos.

A certa altura parei meu caminhar cuidadoso. Estava no segundo piso da ala norte e uma fresta de luz amarela escapava por debaixo da porta de uma única sala.

O coração batia na garganta, quase me impedindo de respirar. E se ela estivesse com seguranças? Era óbvio que deveria, sendo uma figura pública tão polêmica. Os idiotas nacionalistas não tinham pensado sequer nisso? Ou talvez tivessem lhe enviado ali exatamente para que eu fosse descoberta e morta. Seria a mártir da luta do povo contra o Senado traidor.

Ainda dava tempo de voltar. Ainda dava. . . Minha mão suava o cabo da pistola. Por um momento pensei que não fosse conseguir respirar. Soltei um pouco aquele ferro maldito e balancei os braços, respirando e fechando os olhos.            

Tinha chegado longe demais para recuar. Puxei o capuz folgado do longo casaco sobre a cabeça e me coloquei diante da entrada. Voltei a segurar o cabo da pistola e, após uma contagem silenciosa, girei a maçaneta e dei um empurrão violento na porta.

 





— Mas o que?! — exclamou a mulher sentada por detrás de uma larga mesa tomada de papéis. Eu dei dois passos para dentro e ela se levantou de um salto quando viu a minha figura.

Eu tinha a pistola apontada para senadora:

— O. . . — tentou dizer Anita Stradovaus, em choque.

Porém seu choque não poderia ser maior do que o que eu mesma estava sentindo ao encarar seu rosto arredondado e cabelos cacheados.

Meu braço com a pistola foi baixando assim como meu queixo:

— Quem é você? — perguntou a senadora, tendo uma estatura baixa e um vestido rosado coberto por um sobretudo magenta.

Minha garganta estava seca. Fiz força para conseguir balbuciar algo:

— Naisha? — foi o nome que saltou quebrado dos meus lábios. O choque pareceu se tornar ainda maior na expressão de terror já presente na Stradovaus.

— M-M-Mas. . .

Puxei o capuz. Ela deu um grito, levando as mãos ao rosto. Por puro instinto eu fechei a porta atrás de mim. Sequer lembrava mais do que estava fazendo ali:

— Catherin? Catherin o que você. . . — ela tentou perguntar.

— Naisha. . . ou melhor, Anita Stradovaus. . . — eu falei, sentindo as pernas fraquejarem. Tropecei para frente e me recostei no largo sofá ao centro da sala. — Anita Stradosvaus. . .

— V-Você. . .

— Você mentiu sua identidade para mim durante aqueles dois meses. — falei, encarando-a.

— Claro que menti. — disse Anita. — Acha que uma pessoa como eu pode sair de férias para o litoral, viver um romance de veraneio e embebedar-se como qualquer outro? Minha vida sempre corre risco. . . Exatamente como agora.

— Romance de veraneio. . . — repeti. Pelos deuses, eu não sabia se tinha vontade de chorar ou descarregar toda aquela arma de uma vez naquela mulher maldita.

— Você sempre soube. . . — ela disse, assombrada. — Sempre esteve no meu encalço. . . Deve ser um desses loucos nacionalistas. Escória. . .

— Não. Eu não sabia. — afirmei, levantando. — Por Simes, eu não sabia. Eu nunca. . . — as palavras seguintes eram ardidas demais para saírem da minha garganta já tão seca.

— Então porque está aqui?

— Eu. . . — olhei para a arma na minha mão. — Eles precisavam de alguém para acabar com a piranha separatista.

— Piranha?!

— É como eles te chamam! Os do Partido!

Naisha, digo, Anita caminhou até mim. Estava lívida, fora de si. Já tinha visto aquela imagem antes, na única discussão que tínhamos tido nos dois longos meses em que nossa paixão “de veraneio” havia florescido.

Eu tinha me envolvido com Anita Stradovaus. Stradovaus.

Paf.

Ela me esbofeteou na cara:

— Você que é uma piranha, Catherin Sthargh! — ela esbravejou. — Uma piranha que me seduziu e que agora vai me matar em nome dessa gente estúpida do Partido Nacionalista! Dessa sua gente estúpida!

— Eu não. . . ! — engasguei falando. — Eu não sou do Partido, eu só. . . Por Simes, você está destruindo Astran. Qualquer um na rua que tenha a chance vai querer te dar um tiro no meio da cabeça.

Ela estreitou os olhos de maneira perigosa. Inspirou fundo:

— Quem está destruindo este país são vocês, conservadores egoístas de Adram que acham que todos neste país tem a maravilhosa qualidade de vida que vocês têm aqui. — ela entoou.

Eu estava tonta demais. Sentei no sofá e massageei a face do rosto atingida com a mão que ainda segurava a pistola:

— Do que está falando?

— Estou falando da guerra na fronteira com Zheiwan. — ela respondeu, ganhando uma convicção imensa àquela minha abertura. — Estamos a dez anos arrastando uma guerra que está acabando com todo o tesouro do país. Além disso as pessoas daquela região vivem uma miséria e terror inigualáveis.

— Ah. . . — perdi as palavras diante daquilo. De fato havia uma guerra em andamento há mais de uma década no norte do país. Os aumentos de impostos sempre eram justificados com os custos do conflito. Haviam boatos sobre os aviões dos halz e suas bombas químicas, mas eu nunca tinha lido muito a respeito nos jornais.

Sempre tinham notícias, mas aparentemente a rotina da batalha me tornara insensível ao assunto:

— Vocês Nacionalistas querem manter a unidade nacional, mas não enxergam que muitos de nós morrem todos os anos de fome, de doença e vítimas dos bombardeios do outro lado. — seguiu Anita, com a expressão de concentração, seus olhos fuzilando os meus. — Já faz tanto tempo dessa guerra que nem há mais um lado de cá e um de lá, apenas morte.

Minha garganta estava seca:

— Então o seu projeto. . .

— Projeto que assino, mas que é de autoria de inúmeros representantes deste país e do nosso vizinho. — corrigiu-me a senadora. — Este projeto visa sim mudar a configuração do território de Astran. Vamos tornar toda aquela região uma região independente administrada por ambos os lados.

— “Diminuir nosso território”. — falei, mais como uma repetição dos mantras que repetiam nas reuniões do Partido. Anita também sabia daquele slogan.

— Diminuir nosso território e cessar a matança de inocentes. — ela sentenciou.

Me calei com isto. Não iria cair na tentação de um negacionismo escapista. Eu não era um dos fanáticos do Partido:

— Vocês Nacionalistas amam a bandeira deste país, não as pessoas que aqui vivem. — ela acusou. Não lhe encarei para responder.

— Eu não sou um deles. Eu fui coagida a agir em nome da causa. — defendi.

Stradovaus pareceu satisfeita com meu estado de derrota moral. Bufou e sacudiu os ombros como se tentasse diminuir a tensão imensa da situação. Caminhou de volta A sua mesa e sentou, apoiando os cotovelos sobre o tampo da mesa.

Permanecemos no silêncio barulhentos dos pensamentos individuais por longos minutos:

— Nunca pensei que me envolveria com uma assassina. — ela colocou, azeda.

— Eu não sou uma assassina! — respondi, me exaltando de imediato.

— Não parece, olhando deste ângulo.

Eu ainda estava em pé, com a pistola firme na mão direita. Soltei a arma sobre a mesinha de centro como quem tenta se livrar de algo repugnante. Caminhei até a poltrona diante da larga mesa de Anita. Me soltei sobre o acolchoado como se meu corpo pesasse três vezes mais do que o usual:

— Mesmo que você não fosse a senadora separatista já mereceria tomar um tiro no meio da cara por ter me usado como fez. — falei, o amargor subindo do esôfago para minha boca e nariz. — Romance de veraneio. . .

— Eu a usei? — indagou ela, ríspida. — Você que me espionou e agora vem com essa conversa.

Suspirei e escondi o rosto com uma das mãos. Minhas têmporas latejavam de tudo o que estava acontecendo. Eu sabia que seria a pior noite da minha vida, mas jamais poderia prever que seria uma agonia tão mais longa e pessoal.

Eu já tinha jurado amor pela filha legítma de Stradovaus. Uma razoável porção do mesmo sangue circulava em ambas as nossas veias, mas isso Naisha sequer sabia.

Digo, Anita:

— Você. . . — começou a senadora, com um tom muito mais sóbrio do que ouvira até então. — Você realmente não estava lá para espionar?

Não levantei a cabeça. Dentro dos meus olhos serrados luzes explodiam no escuro das minhas pálpebras:

— Eu te disse quem eu era. Uma matemática alocada na Universidade de Astran. — murmurei.

— Eu sei. Pelos deuses, eu fiquei paranoica depois que voltei para cá. — ela falou. — Pensava na possibilidade de encontrá-la em uma esquina. Estragar todo o disfarce.

— É, nos encontramos em uma esquina bem inesperada. — afirmei. Nos meus pensamentos eu fazia um esforço enorme para colocar de lado o que só eu sabia.

— Jamais aconteceria se você não fosse levada pela conversa fiada desse Nacionalistas.

Meus olhos se ergueram para Anita:

— E nem se você não tivesse mentido sobre tudo. — sibilei. — Romance de veraneio. . . Que merda mesmo.

Levantei num movimento brusco. Eu não ia matar aquela mulher. Tinha que sair dali. Provavelmente sair da cidade, do país:

— Espera, onde você vai? — Stradovaus questionou quando me viu virar e dar os dois primeiros passos para longe.

— Para onde eu vou? Vou embora. — era insuportável. Minha dor física misturava emocional e me fazia explodir de raiva com ela. — Vou para o raio que me parta, porque ameacei de morte a excelentíssima piranha separatista. Que diabos eu soubesse naquele dia que iria me desgraçar dessa maneira, eu jamais. . .

Eu falava enquanto encarava a porta da sala, cuspindo todo o rancor que estava entalado no peito. Porém minha enxurrada de ódio congelou na garganta quando senti algo tocar no meio das minhas costas. Um peso:

— Calma. — sussurrou Anita, tão baixo que eu só pude ouvir pela proximidade. Ela tinha a cabeça encostada em mim. — Eu não. . . Você não precisa fugir pra lugar nenhum. Não vou complicar a sua vida.

Me afastei e me virei para encará-la de cima. Seu rosto era delicado, seus traços tão suaves como eu lembrava. Minha cabeça já atordoada teve que lidar com mais a força dos impulsos que a proximidade de Naisha incitava.

Naisha. Naisha. Eu tinha repetido tantas vezes um nome falso. Aquele som ainda me soava tão doce e erótico. . . Porém:

— Romance de veraneio. . . — repeti uma vez mais. Os olhos já proeminentes dela se abriram mais.

— Catherin. . . — ela quis dizer, mas eu não queria ouvir.

— Já faz quase um ano desde aquele verão no litoral de Neocidi. — retomei, sem conseguir mais medir o que estava falando. Parecia que os pensamentos haviam desistido de mim, deixando apenas um zunido incômodo para trás. — Passei quase todo esse tempo pensando se um dia iria te encontrar de novo.

Ela baixou os olhos claros dos meus. Apertou a ponte do nariz com os dedos, suspirando:

— E tudo foi uma mentira. Uma aventura de férias. — segui, sentindo o esgotamento.

— Não foi tudo uma mentira. — ela rebateu, parecendo também já cansada.

— E o que não foi? — desafiei. Ela voltou a me encarar e eu podia ver o brilho no seu olhar. Parecia que não havia passado nenhum dia desde que vira aquela cor pela última vez.

— Isso não foi. — ela respondeu, indo ao gesto.

Nossos lábios se tocaram quando ela puxou meu casaco para baixo. Eu hesitei, relembrando em um segundo todas as coisas que já tinha pensado desde que entrara naquela sala. O tamanho da gravidade do que estava acontecendo. A traição aos idiotas do Partido. A humilhação ao nome da minha miserável família.

Mas eu desejava aqueles lábios. Os lábios de Anita Stradovaus. Eu queria tudo.

Mergulhei aquele toque. Abracei seu corpo delicado, apertando-o contra mim. Senti cada átimo da presença dela como uma realidade estupenda, inebriante, quase enlouquecedora. Um único instante de lucidez me conteve no desespero da minha carência:

— Maldita. . . — falei de voz quebrada, encarando o rosto ainda tão próximo e lívido dela.

— Catherin. . . — ela correspondeu. Seu tom era de uma agudeza quase inapropriada. — Me perdoe.

— Por me enganar ou por tentar destruir o país? — questionei, deixando um sorriso escapar-me por desatenção.

— Eu nunca pediria perdão por salvar o que resta do Norte. — ela rebateu, com toda a seriedade. — Portanto me perdoe por ter sido covarde.

Soltei-a de mim, usado a minha renovada capacidade de raciocínio para tentar avaliar a situação:

— Os camaradas do Partido jamais irão me perdoar. — disse. — Minha vida será transformada em inferno por ser uma covarde.

— Por que não vens comigo para o Norte? — perguntou Anita e eu lhe respondi com uma expressão de perplexidade. — A emancipação assistida da província contará com um governo local mínimo ao qual eu irei me unir em regime permanente. Uma intelectual como você também poderá fazer muito para reerguer aquele povo.

— Eu? Mas sou apenas uma matemática.

— Precisaremos de cálculos para construir estradas, ferrovias, pontes. — afirmou Stradovaus. — Além disso aquela região está devastada. Os jovens vivem para tentar conseguir comida. Lhes falta toda sorte de estudo imaginado. Mentes como a sua podem fazer muito por um povo nessas condições.

Me afastei de Anita, dando a volta na mesa de centro e sentando diante da mesma. A pistola com a qual iria cometer um crime estava ali, brilhando às luzes químicas da sala. Parecia fazer anos desde que eu estivera no corredor escuro, ponderando se fugiria ou cumpriria a imposição do Partido. De assassina agora me via como mente recrutada para ajudar na reconstrução de um novo país que nascia da devastação da guerra.

E isso ao lado de Anita Stradovaus. Stradovaus:

— O que diz? — perguntou-me ela quando alonguei o momento de silêncio.

Encarei seus olhos verdes. Em algum ponto em me sentia desprezível, mas na maioria havia uma vontade primitiva de viver, como se tentasse emergir das profundezas da água fria:

— Parece uma boa proposta se for para ficar mais do que um verão lá.
sábado, 11 de agosto de 2018
Posted by LKMazaki

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