Posted by : Unknown sábado, 23 de abril de 2016

Olá a todos! Mais uma vez, a semi-nova redatora do blog, Lume, volta com outra postagem, desta vez sobre (pasmem) um livro Yuri. Isso mesmo, um livro, escrito, impresso e vendido nas livrarias para qualquer interessado comprar. Em mais de uma década indo periodicamente até livrarias e revistarias, reunindo centenas e centenas de livros e mangás, 2016 foi o ano em que eu obtive meu primeiro livro de romance lésbico para. Pensando sobre isso agora, foi uma surpresa e tanto pensar que eu só havia achado um desses agora, já que eu posso afirmar para quem quer que seja sobre meu status de leitora compulsiva e colecionadora de livros. Mas chega de enrolar; vamos ao livro!

Deuses de Pedra, ou The Stone Gods no título original, é um livro interessante. Jeanette Winterson dividiu ele em quatro histórias, O Planeta Azul, Ilha de Páscoa, Depois da Terceira Guerra e Cidade dos Escombros. Os contos são ambientados sempre em lugares diferentes e são como reencarnações de Billie e Spike, as protagonistas. Vou tentar resumir tudo ao máximo para o post não ficar tão longo de ler, mas sem fazer aquele resumo de 6º ano de cinco linhas, porque até eu me irrito com coisas desse tipo.

Planeta Azul
O Planeta Azul conta a história de Billie Crusoe, uma cientista humana do Planeta Orbus, e Spike, uma robô sapiens prestes a ser desmantelada, que fogem juntas do governos para o Planeta Azul. Em Orbus, descobriu-se a possibilidade da Adaptação Genética, a qual consiste em uma "cirurgia plástica das células": através de procedimentos, é possível manter-se jovem por um longo período de tempo. Os humanos podem ficar com idades entre 25 até 12 anos. Com os avanços tecnológicos, todos têm acesso a essas técnicas, transformando o mundo num lugar de crianças e jovens adultos. Além disso, ainda temos a cirurgia plástica convencional, então todos são lindos e maravilhosos o tempo todo. E, como o ser humano enjoa fácil, as "aberrações", humanos que escolheram não seguir o padrão, são super valorizadas no planeta, como mulheres com bocas humanas nos seios. Sim, uma dessas apareceu em uma das cenas do livro. E tentou oferecer uns "servicinhos" pra Billie. Mas isso não é o foco aqui.

Obviamente, o romance entre a Billie e a Spike é o principal do conto. Elas cruzam olhares pela primeira vez em uma conferência do governo sobre o recém-descoberto Planeta Azul, que o leitor logo identifica como nosso Planeta Terra. O povo de Orbus fez com seu planeta natal o mesmo que fazemos atualmente com o nosso: extração intensa de matéria prima, poluição, danos a camada de ozônio, etc. Eles se deram conta disso tarde demais, e mesmo com as medidas avançadas que implementaram para retardar a morte do planeta, o alto escalão do governo sabia que Orbus tinha menos de 50 anos de vida. Portanto, a descoberta do planeta Azul foi algo fantástico para todos. Uma nova casa, com abundância em matéria prima, com risco zero de de auto destruir. Simplesmente fantástico., eles pensaram.

Depois dessa troca de olhares e do fim da conferência, algumas horas se passam até o segundo encontro. Nesse meio tempo, Billie foi visitar uma mulher, Rosinha McMurphy, que queria fazer uma Adaptação Genética para ter 12 anos de idade novamente. Tudo por causa do marido dela que, ao meu olhar e o de Billie, era um pedófilo totalmente sem-vergonha. O livro justifica essa vontade nojenta assim: "Agora que todos são jovens e bonitos, muitos homens preferem meninas ainda quase crianças. Querem alguma coisa diferente, porque tudo ficou igual." Realmente, esse não é um livro que se encontra todo dia na livraria da esquina.

Após essa visita, Billie recebe uma ligação de seu chefe. Ele diz que Spike pediu que ela, Billie, fosse sua entrevistadora no programa de um minuto mais detalhado da mídia (Contraditório, mas só faz você gostar mais da história). O chefe diz que esse foi o pedido de Spike antes de ser desmantelada. Descobrimos isso no comecinho do livro: Spike fora enviada para o planeta Azul, a fim de recolher informações sobre o lugar para o governo, e seria desmontada e enviada para a reciclagem após sua volta. O que incomoda Billie é que Spike é uma robô sapiens e, além de frustrar sexualmente a protagonista, deixa a humana se perguntando por que o governo iria reciclar um robô sapiens, que custa ao governos muito dinheiro na produção. Robôs sapiens são criaturas mecânicas feitas para agirem como humanos, porém sem emoções. Como o próprio livro diz, ter um robô sapiens é sinônimo de luxo e poder, já que são insanamente caros.

Meio forçada, meio curiosa, Billie vai entrevistá-la. Tudo termina bem, apesar de Spike partilhar informações "poucos apropriadas" para um programa nacional, como detalhes de sua vida sexual com astronautas enquanto estava em missão e dados coletados pela robô. Elas se despedem sem mais problemas depois disso. Então pulamos para uma cena no sítio de Billie, um sítio mesmo, com vacas e cavalos. É considerado ultrapassado pelo resto do mundo, mas para Billie, é um paraíso. Enquanto relaxava de noite, recebe a visita de um guarda, que diz a ela que Billie deve 3 milhões ao governo por multas de trânsitos. Descobrimos logo depois, com uma ligação de seu chefe, que Billie é inocente e que era tudo um plano governo para prendê-la. A cientista já havia participado de um movimento contra o Estado, justificando a armação dos 3 milhões de dólares. Ele oferece a ela uma viagem ao planeta Azul para escapar das políticas de Orbus, e ela, claro, aceita. Já na nave, ela se encontra com Spike, que havia fugido das garras do governo também. É lá que somos agraciados com um beijo das duas e suas reflexões sobre a nova vida.

Quando o grupo da expedição ao Planeta Azul finalmente chega ao seu destino, algo dá errado. Um asteroide fora de curso abalou as fundações da nave e sua comunicação com Orbus, prendendo a todos no planeta. Billie escolhe passar seus últimos momentos com Spike, e quando a robô descarrega completamente, ficamos com Billie e suas palavras doces, assegurando-nos de que tudo isso é apenas uma história e que logo outro começará. O fim.

Esse conto me intrigou bastante por ter uma semelhança com outro livro, "Admirável Mundo Novo". É um cenário futurista, uma utopia totalmente maluca para nós, onde os fetos são produzidos em laboratório e crianças são incentivadas desde cedo a terem relações afetivas com outras crianças. Tudo em prol do maior desenvolvimento humano. Realmente, a história assemelha-se tanto a esse livro que Admirável Mundo Novo é citado duas vezes no conto, mas apenas por alto.

Ilha da Páscoa
Estamos na época do que aparenta ser as Grandes Navegações. Billy, um marinheiro, é abandonado por seu navio em uma ilha desconhecida por conta de um ataque dos nativos. Perdido, ele tenta sobreviver por conta própria, até que é descoberto pelos locais, que o levam como oferenda para seu deus. Felizmente, um incidente ocorre, e Billy é salvo por Spikkers, filho de um marinheiro holandês. Billy conhece a história da ilha através de Spikkers, que lhe conta sobre uma disputa entre dois povos do lugar. O benfeitor de Billy tem um plano para acabar com esse conflito, mas, enquanto o punha em prática, as coisas não vai tão bem para Spikkers…


O segundo conto mostra uma reencarnação masculina de Billie e Spike. No entanto, não há um envolvimento amoroso explícito entre os dois, tanto que Billy até menciona que já é apaixonado por outro marujo chamado James Hogan (mas essa suposta paixão só é citada duas vezes no conto inteiro). Resumindo, Ilha da Páscoa não foca no romance. Aliás, o livro não foca no romance. Se você ler com atenção, dá para perceber que todas as quatro histórias são, na verdade, críticas sobre alguns acontecimentos na Terra.

Eu gosto bastante desse conto pois ele é o que mais puxa para o lado imaginativo. Jeanette Winterson é uma das autoras mais criativas que já li, e ela não economiza sua imaginação nesse conto. Não quero contar muito sobre a história em si; sou uma pessoa que odeia certos tipos de spoilers de todo o coração. Digamos que, apesar de ser curta, essa história vai cativar mais aqueles que gostam de saber todos os detalhes do universo que o escritor cria.


Depois da Terceira Guerra
Voltamos agora com a versão feminina do casal da vez. Depois da Terceira Guerra começa como uma biografia de Billie, nascida de uma mãe adolescente e abandonada num orfanato com menos de um mês de vida. O conto todo são divagações e reflexões de Billie, assim como impressões que teve de sua genitora.. Só no final ficamos sabendo que Billie trabalha no projeto da robô sapiens, o projeto para construir Spike. Detalhe: nesse conto, Spike é uma cabeça robô. Só a cabeça mesmo. Ela foi criada após a 3G, ou a Terceira Guerra Mundial, a fim de evitar uma Quarta. Billie tem a função de dialogar com a cabeça de Spike, contar a ela assuntos do mundo inteiro para que Spike possa processar todas essas informações e tomar decisões para ajudar o planeta. Um dia, por algum motivo, Billie leva Spike para passear, e a história continua no quarto e último conto, Cidade dos Escombros.


Cidade dos Escombros
Planeta Azul e Cidade dos Escombros são as duas histórias com mais de oitenta páginas, e por isso dediquei uma maior atenção a elas. O quarto conto dá continuidade a saída de Billie e Spike, que vão até a Cidade dos Escombros, uma espécie de subúrbio. É aqui que o leitor é melhor elucidado acerca do acontecido nessa realidade: a Terceira Guerra Mundial.

Não fica claro o porquê da guerra, mas suas consequências foram muito bem exploradas no livro. Após o conflito, o mundo teve que recomeçar. Todos culparam os governos que, enfraquecidos, deram lugar à MAIS, uma empresa "faz-tudo" que é considerada o novo governo. A MAIS aboliu qualquer tipo de dinheiro e noções de propriedade; agora tudo é alugado com jetons. Jetons são uma forma alternativa de dinheiro, sendo que todos tem os jetons de que precisam. Tudo nesse novo mundo é alugado, carros, roupas, até mesmo quadros. A MAIS deu uma nova oportunidade ao mundo, oferecendo empregos na reconstrução do planeta, além de segurança, educação, moradias, etc. Ela é uma espécie de "pseudo governo".

Continuando a história, Billie e Spike param num bar na Cidade dos Escombros. Elas conhecem um barman chamado Sexta-Feira e os três jogam conversa fora, até que, de repente, um carro com alguns japoneses para no bar, alegando estar ali para oferecer ajuda aos "refugiados dos Escombros". Sexta-Feira, com a ajuda de alguns motociclistas, expulsa os asiáticos, que não desistem fácil. Infelizmente, esse conflito termina com os japoneses explodindo e com a MAIS declarando uma invasão à zona dos Escombros.

No meio da confusão, Billie perde a cabeça de Spike. Com a ajuda de Sexta-Feira, ela procura a robô sem parar. Após algum tempo buscando, ela encontra Spike na casa de duas garotas, fazendo sexo oral numa delas. Billie fica revoltada, não por preconceito, mas por acreditar que "robôs não precisam saber fazer sexo oral". Spike acha uma injustiça, e no meio da discussão, declara que desertou da MAIS, sua empresa de origem, e que quer viver ali, na zona dos Escombros.

Uma das garotas que vivem ali acalma as duas, e convence Billie a passar a noite ali. Ela, no entanto, foge no meio da noite, levando Spike a tiracolo. As duas encontram um antigo telescópio, com anotações estranhas. Mas isso não é muito relevante para a história. Algum tempo depois, elas chegam numa festa acontecendo no meios dos escombros, mas que é invadida por agentes da MAIS e por mutantes, frutos da radiação deixada pela Terceira Guerra. Billie e Spike se refugiam no antigo telescópio, mas Billie decide sair, deixando a robô lá.

Previsivelmente, Billie leva um tiro de um agente. Em seus últimos suspiros de vida, que também são os últimos suspiros do livro, ela sonha com um sítio, possivelmente o sítio da Billie de Orbus. Lá, alguém não identificado a acolhe e assim, o livro termina, deixando uma grande interrogação em nós.

Deuses de Pedra não é um livro que deve ser lido de um dia para o outro, apesar de um leitor ávido conseguir terminar ele nesse período. Pelo menos, eu não aconselho fazer isso. Esse livro foi feito para nos fazer pensar. Pensar em coisas que consideramos banais, mas que ainda são importantes. Todos os contos têm uma crítica escondida sobre o conflito humano, seja ele em escala mundial ou entre tribos, sem contar no puxão de orelha que Jeanette nos dá sobre o descaso que temos com nosso planeta em Planeta Azul.

Algo que me chamou atenção no livro foi que ele não tem capítulos. O máximo que encontramos é a separação dos contos e um certo espaçamento entre linhas de pensamento, mas nada que seja um verdadeiro capítulo. Foi minha primeira experiência com uma história assim, e para ser sincera, gostei bastante. Esse tipo de estratégia faz você criar uma ligação mais forte com os personagens, pois não é como se você estivesse lendo um livro, mas sim como se escutasse a Billie te contar diretamente as aventuras dela.

Não é um livro para qualquer um, devo avisar. Se você não gosta de refletir, ler um livro de pouquinho em pouquinho, a narrativa de Deuses de Pedra será entediante. Até para mim foi um pouco difícil no começo, porque me acostumei a ler livros com uma dinâmica mais ágil e direta.

Eu poderia enrolar falando mais alguns detalhes desnecessários sobre o livro, mas a melhor resenha que eu poderia fazer de Deuses de Pedra seria apenas uma única frase: "O livro fala por si só."

3 Responses so far.

  1. Unknown says:

    *-* Vou procurar esse livro pra ler, pareceu bem interessante na sua resenha. Acho que o único livro que li com romance yuri foi " A menina Submersa", então to muito afim de ler esse tbm :p

    PS.: Vcs já deram resenha, comentaram ou etc o mangá "Vengeance"? Pq é muito bom e foi uma montanha russa de emoções, me deixou sem chão depois de ler rsrs

  2. Caramba, parece realmente interessante, algo bem diferente.
    Pena não estar exatamente em condições pra gastar com livros no momento, mas quem sabe no futuro compre.

  3. Mariza says:

    Nossa mais um livro para comprar já estou querendo comprar o livro da Carmilla e agora esse também (´∀`)♡ obrigada por mostrar esse livro , queria mais resenhas/indicações de livros yuris

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